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RESGATE HISTÓRICO CULTURAL DO HORTO FLORESTAL

Em 80 anos de história, o Parque Estadual Campos do Jordão (PECJ) tem memórias que foram se perdendo ao longo do tempo. Estórias, fatos, curiosidades e acontecimentos marcantes formaram a trajetória de muitas famílias. Avós, pais, filhos e netos, gerações se desenvolveram, assim como o próprio Parque também dependeu dessas famílias para o seu desenvolvimento. A história ajuda a forjar a identidade das novas gerações e possibilita o resgate de valores pelos quais a sociedade tanto almeja.

 

Este conceito possibilita uma reflexão sobre a importância do resgate das memórias do Parque Estadual Campos do Jordão. Ao longo de sua existência, o PECJ, teve muitas fases diferentes, sempre se transformando, mas nunca perdendo a sua essência. A Fazenda da Guarda, a Serraria, a Criação do Parque, o Reflorestamento, a Mecanização e Exploração Florestal, a Estação Meteorológica e a Educação Ambiental, a Concessão da área do Uso Público, todas elas possibilitaram a criação da identidade do famoso “Horto Florestal”. O sentimento de pertencimento e a coletividade são características que marcaram a identidade do horto e os funcionários que atuaram e ainda atuam na unidade. O Parque Estadual Campos do Jordão não se resume a um ponto turístico apreciado pelos turistas, ou uma Unidade de Conservação, ou um local de trabalho. É tudo isso e também lar de muitas memórias e muitas pessoas que passaram por aqui.


O projeto Resgate Histórico Cultural do Horto Florestal foi idealizado pela equipe de monitores ambientais do PECJ desde o ano de 2017, tendo como principal objetivo reunir o acervo histórico por meio de depoimentos, vídeo, fotos, histórias, contos, documentos, entre outros. O evento contempla uma das ações do Calendário Ambiental desenvolvido pela Câmara Técnica de Educação Ambiental, sendo realizado sempre no dia 28 de outubro, data onde comemora-se o dia do funcionário público. Nas três edições anteriores foram realizadas exposições que contaram com a participação de diversos atores que colaboraram com a história do Parque, a publicação do livro Patrimônio Histórico Cultural do Horto Florestal e o desenvolvimento do documentário: Raízes da Conservação.
Desde ano de 2019, foi possível contar com o apoio profissional da empresa Vento Dobrado Filmes que se disponibilizou em apoiar o projeto do curta metragem intitulado: “HORTO”, tornando possível o registro profissional do patrimônio histórico da unidade, pioneira no estado de São Paulo.

1720

Gaspar Vaz da Cunha (Oyaguara), a fim de descobrir o rumo das Minas de Itagiba, embrenhou-se Mantiqueira adentro.

1771

Inácio Caetano Vieira de Carvalho segue os rastros do Oyaguara pela Serra Preta e alcança o Pico do Itapeva: continuando a caminhada chegou aos altos do Sapucaí-Guaçu, nos “Campos do Capivary”, construindo a Casa Grande da “Fazenda Bom Sucesso”.

1803

As disputas de terras entre Inácio Caetano e João da Costa Manso na divisa das capitanias de Minas Gerais e São Paulo levou o governador da capitania paulista a determinar a colocação de uma guarda na divisa das fazendas: Bom Sucesso e São Pedro.

1827

Morre Inácio Caetano, seu filho Mariano Vieira de Carvalho hipotecou e depois vendeu ao Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, por dez conto de réis a Fazenda Bom Sucesso.

1854

Com a morte de Dona Gertrudes, seus filhos venderam seus quinhões da Fazenda Natal; Amador Rodrigues Jordão vendeu aos irmãos Antônio de Godói Moreira e Costa e Jose de Godói Moreira, que formaram a Fazenda da Guarda, construindo sede e senzala.

1920

Sede da Fazenda da Guarda – Administrada por Maria da Glória Ribeiro de Godoy, a Sinhazinha.

1924

Fazenda da Guarda é vendida para Holger Jensen Kok, “Sinhazinha” separou 100 dos 1200 alqueires para a construção do Rancho Santo Antonio, ainda hoje de propriedade da família Godoy.

1927

André, filho do Sr.Kok, era o administrador da fazenda e cuidava da recém-montada serraria movida a roda d’água. As máquinas foram reunidas em SP e transportadas para CJ; a roda d’água foi montada em Piracicaba, em quatro partes, e levada a Campos pela Sorocabana, pela Central do Brasil e pela Estrada de Ferro de CJ e depois por intermédio de carros de boi, funcionando até 2011.

1941

A criação do PECJ deve-se ao interventor de São Paulo Dr. Adhemar de Pereira Barros que, por meio do Decreto 11.908 de 27/03/1941, desapropriou a Fazenda da Guarda e algumas áreas para sua constituição. O parque foi criado prioritariamente com a finalidade produtiva, embora já se fizesse menção ao disciplinamento do manejo da fauna e flora bem como da necessidade de reflorestamento com fins de proteção das áreas acidentadas anteriormente desmatadas.

1950

Foram iniciados os plantios comerciais do gênero pinus, a razão para a introdução desse gênero no Brasil foi à demanda por madeira para o setor industrial. O reflorestamento se deu principalmente a partir de 1957, sendo realizado ano a ano, resultando em uma área reflorestada de 2.618 ha. Neste período, não havia estudos direcionados sobre os possíveis impactos que o plantio dessas espécies poderia ocasionar no ecossistema.

1964

Nos anos de 1953 iniciaram-se estudos visando à aclimatação da truta arco-íris, Salmo Irideus. Esses trabalhos, pioneiros, foram realizados em Campos do Jordão, com exemplares cedidos pelo Diretor Nacional de Caça e Pesca, Ascânio de Faria, e a participação de Pedro de Azevedo, José de Oliveira Vaz, Wilton Brandão Parreira e José Maria Bramley Barker. Dando continuidade a essa atividade, em 1960 importaram-se ovos embrionados do Chile e da Califórnia. Em setembro de 1964 inaugurou-se o Posto de Salmonicultura de Campos do Jordão, transformado posteriormente em “Estação de Salmonicultura Dr. Ascânio de Faria”.

1972

Instalada em fevereiro, a Estação Meteorológica era uma parceria entre o IF e o DAEE. Dentre os instrumentos destacam-se anemógrafo, anemômetro, barógrafo, heliógrafo, pluviógrafo, pluviômetro etermógrafo. Eram auferidas as temperaturas, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento. Os dados coletados eram informados ao escritório do Parque e posteriormente ao DAEE em São Paulo, chegando a registrar a temperatura de -7º C na região do PECJ. A estação operou até 2015.

1974

Os amistosos de futebol eram outra forma de entretenimento muito apreciada pelos funcionários. O futebol era tão presente que os funcionários tinham um time que competia em campeonatos regionais, denominado Time da Guarda, fazendo menção às memórias da Fazenda da Guarda.

1975

Realizados os estudos para a elaboração do primeiro Plano de Manejo – um dos primeiros do Brasil, já se destacava a necessidade de diálogo entre conservação e desenvolvimento. E, nesse sentido, algumas diretrizes e ações foram estabelecidas, como a destinação de áreas para recreação, lazer e contemplação.

1980

A mecanização e exploração florestal em cooperação entre Japan International Cooperation Agency – JICA e Instituto Florestal – IF, foi uma iniciativa do governo japonês, com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP. O projeto tinha por objetivo trazer do Japão novas tecnologias para a colheita de madeira, em regiões de topografias acidentadas. O PECJ foi a área selecionada para o desenvolvimento do projeto, devido à quantidade de diversas espécies de pinus reflorestados que careciam de manejo. Este projeto ocorreu até o ano de 1985.

1993

Mais de 10 toneladas de pinhão foram lançadas nas encostas da Serra da Mantiqueira em CJ, para facilitar o repovoamento da araucária na região.
Reportagem de 7 de junho, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

1994

O posto de saúde que foi montado e mantido pela prefeitura de CJ até o ano 2000. A prefeitura fornecia os medicamentos e pagava o médico e a técnica de enfermagem. O médico atendia uma vez por semana, nas manhãs de quintas-feiras e a técnica trabalhava todos os dias. Local onde hoje funcionam os toaletes e fraldário do Centro de Visitantes.

1996

O Projeto Meninos Ecológicos – PME, parte da compensação ambiental da empresa de fornecimento de energia Elektro, foi um projeto de cunho socioambiental. No ano de 2007, o PME produziu 105.262 mudas, entre nativas, exóticas, ornamentais e medicinais. As mudas produzidas eram, em menor escala, destinadas à venda e, a grande maioria, plantadas em reflorestamentos e doadas. O projeto ocorreu até o ano de 2009.

2000

Desmanchada a construída nas proximidades do lago das ninféias. A construção se deu em meados dos anos 90 e exigiu o emprego de toras de madeira tratada com 12 metros de comprimento. Essa bela torre foi desmanchada posteriormente a 2000.

1997

A Festa do Pinhão é um grande evento importante para a cidade de Campos do Jordão. O Parque Estadual teve o privilégio de sediar a 36 edição.

1999

Destaca a abertura do 30 Festival de Inverno que resultou na ampliação do deck do lago das carpas, de modo a comportar a orquestra. A abertura do festival no PECJ foi a pedido do então secretário da cultura, Marcos Mendonça.

2003

Ocorriam corridas competitivas na unidade, nas quais participavam tanto as famílias como os próprios funcionários. Com o intuito de contribuir para a resistência e condicionamento físico dos funcionários para as operações de brigada de incêndio. Eram utilizadas para treino as trilhas: Celestina e a dos Campos, também as estradas do Paiol e Retiro. As competições que se destacaram foram as Corridas Rústicas que aconteciam nos aniversários do Parque e a Corrida Coorpore que acontecia em meados de setembro.

2007

Segundo relatos dos moradores locais, o município de Campos do Jordão possuía dois “prefeitos”, o prefeito da cidade e o administrador do Horto Florestal de Campos do Jordão. Em boa parte da história do PECJ, a administração foi realizada pelo Instituto Florestal (IF). Após a criação do Sistema Estadual de Florestas (SIEFLOR- Decreto nº 51.453), em 2007, a administração passou a ser da Fundação Florestal.

2010

O estado de São Paulo conta com o Sistema Estadual de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, instituído em 2010, que visa: diminuir os focos de incêndio no estado; reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) oriundas das queimadas; proteger áreas com cobertura vegetal contra incêndios; erradicar a prática irregular do uso do fogo, respeitando o disposto no Decreto Estadual nº 56.571/2010; e fomentar o desenvolvimento de alternativas ao uso do fogo para o manejo agrícola, pastoril e florestal. A Operação Corta-Fogo, como é chamado este Sistema, é formada por diversos órgãos estaduais como a Coordenadoria Estadual de Proteção Defesa Civil (CEPDEC), o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar Ambiental, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a Fundação Florestal (FF) e o Instituto Florestal (IF). A coordenação do sistema é realizada pela Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, por intermédio da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade. A articulação entre essas instituições ocorre por meio do Comitê Executivo, que tem como objetivo delinear ações integradas e complementares.

2015

O Programa de Educação Ambiental e Comunicação – PEAC foi formalizado no ano de 2015 junto a Fundação Florestal. O PEAC é baseado no Calendário Ambiental considerando cada data comemorativa. O PECJ realiza atividades como: Programação de Férias; Oficina das Águas; Dia do Turismo Ecológico; Concurso Cultural; Dia do Planeta Terra; Big Day Observação de Aves; Dia da Mata Atlântica; Dia do Meio Ambiente; Limpeza das Águas; Dia da Árvore; Dia de Proteção à Fauna; Dia do Rio; eventos comemorativos como o Aniversário do PECJ, atividades de prevenção contra incêndios florestais e o Resgate Histórico Cultural do PECJ. Além das atividades propostas interage com outros órgãos e instituições na realização de debates, cursos e palestras.

2016

Foto tirada no mês de dezembro por meio de instalação de câmera trap, parte do estudo do projeto de monitoramento de mamíferos do PECJ em parceria com o Instituto Florestal. O local da captação de imagem seria um trecho de campos de altitude da Trilha Celestina. Suçuarana (Puma concolor).

2019

PECJ passou por processo de concessão da área de uso de bem público, processo previsto na Lei Estadual 16.260/2016, que visa à melhoria na prestação de serviços inerentes ao ecoturismo, tais como atividades recreativas, programas turísticos, alimentação, lojinhas de souvenir, aluguel de bicicletas, dentre outros serviços. A área objeto de concessão é onde o uso público é permitido, totalizando 473,15 hectares, o que representa 5,67% da área total do Parque. A empresa concessionária Urbanes Campos tem sua sede no município de Santa Maria RS. O contrato de concessão tem duração de 20 anos podendo ser renovado por mais 10. A empresa iniciou as atividades no Parque no dia 01 de abril deste ano. O quadro de atual conta com 21 colaboradores.

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